terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

AI QUE TARDE LINDA TARDE

Que belo passeio de bicicleta que o pai e a filha mais velha fizeram ao Rosário, onde a mãe e a Matilde esperaram entretidas com brincadeiras de areia. 
Com cuidado, muito cuidadinho, entre a Moita e o Gaio, uma vez que utilizamos a estrada de asfalto que liga as duas freguesias, mas satisfeitos com a aventura e deliciados com o chão da lezíria que já está colorido pelos primeiros arremessos da Primavera. 
Mas lá fomos a corta-mato até à sede concelhia e regressamos pela pista de ciclismo que dali vem até à entrada de Alhos Vedros, onde retomámos os caminhos que outrora dividiam as fazendas da beira-rio. 

Ser pai é isto, acompanhar o crescimento com amor, muito amor e carinho. 
É assim que se incentiva os anjinhos a enfrentarem desafios e a terem o ânimo suficiente para os ultrapassar. 
E, quanto a isto, estou certo que o piolhinho do meu coração teve hoje uma lição de grande quilate. 
Naturalmente chegou cansada ao Rosário e anteviu o regresso no automóvel, o que saiu gorado dado o facto de o velocípede não caber na mala do carro. 
Apesar da contrariedade, regressou nas duas rodas e quando lanchámos no café da Júlia, se a minha querida filha esteve a alimentar o físico, o espírito, esse, acabara de crescer muitíssimo. 

E o pai todo orgulhoso, sentindo que tinha sido uma tarde tão bem passada. 



Pois é este o mundo de pequenas alegrias e encantos que a canalha fanática quer destruir. 



E nestes dias viveu-se a ressaca do onze de Março, com uma mega manifestação multiplicada por todas as grandes cidades espanholas e que só em Madrid, na noite de sexta, levou à rua mais de um milhão de pessoas, num grito uníssono de recusa do terrorismo e de tudo o que o mesmo representa. Ontem foi a vez de uma demonstração de milhares de pessoas reclamando pela paz, em frente da sede do Partido Popular, a cujos líderes chamavam, amiúde, de mentirosos, sob a alegação que o governo de Aznar apontara o dedo à ETA para desviar as atenções das organizações fundamentalistas que giram em torno da Al-Qaeda, para poupar o seu partido aos possíveis efeitos que isso poderia ter na votação de hoje, dada a relação entre o massacre e a presença popularmente mal querida de tropas espanholas ao lado das forças aliadas, no Iraque. 

Pois a verdade é que desde ontem todos os indícios se viram para a pista do islamismo integrista, para além de uma carta num diário árabe que à Al-Qaeda atribui o hediondo crime. E esta manhã apareceu uma cassete vídeo atribuída aos homens de Bin Laden em que os mesmos se reconhecem como responsáveis pela matança. 


Amanhã escreverei sobre um artigo que Helena Matos deu ontem à estampa no Público. 


Por agora registo que depois de uma ida massiva às urnas que fez a abstenção diminuir em relação ao anterior escrutínio, o povo espanhol cambiou o sentido do voto e deu a vitória ao PSOE em quarenta e sete por cento das preferências. Emílio Zapatero será o novo primeiro-ministro. 

Os espanhóis deram, acima de tudo, uma grande lição de apego pela democracia. 

Esperemos, no entanto que a mudança não signifique uma capitulação perante a chantagem terrorista, tanto interna como internacional e que a Espanha se mantenha firme ao lado dos aliados na procura de um Iraque pacífico e empenhado na edificação de um estado de direito e uma sociedade próspera, naquelas paragens. 


O onze de Março foi mais um episódio da guerra mundial que vivemos. 
É bom ter isto presente. 



A Matilde já sabe ler. 

Eu sinto-me tão feliz por a ver esforçar-se por ler palavras em jornais e revistas. 
Ontem levou um livro do Harry Potter para a esplanada, para ir lendo as palavras que já é capaz de soletrar. 


E eu tenho que admitir que não é possível identificar o preciso momento em que a criança começa a ser capaz de ler. 
À semelhança do que já tinha observado com a Margarida, fico com a impressão que tal acontece repentina e inesperadamente. 

O encanto de ver o pardalito nas suas primeiras leituras é que está sempre presente. 



Na sexta-feira, os alunos ainda tiveram tempo para dar uma nova palavra, telhado, com a qual irão aprender o som lh. 
Mas também tiveram os espaços da música e da religião e moral e a ida para a hora da patinagem, na Moita. 



Por hoje resta dizer que nessa mesma noite estive em nova assembleia da associação de pais do agrupamento. 
Afinal, o grupo de trabalho lá fez qualquer coisa e aprovámos os estatutos. 
Até aqui, tudo bem. 


Alhos Vedros 
 14/03/2004

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