quarta-feira, 31 de janeiro de 2018


Se pudesses, nem que fosse só por um instante, veres como és ajudado pelo Mundo invisível; tens realmente noção o quanto és ajudado e protegido? Não, não tens, pois se tivesses estarias sempre a agradecer, e nem uma só vez dirias que te sentias só, em solidão!

António do Carmo Alfacinha



terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

DIA AZIAGO

Onze de Março é dia de infâmia. 

Má fama já ele tinha, entre nós, portugueses, pelo que ocorreu há vinte e nove anos atrás quando uma tentativa de tomada de poder pessoal, pelo general Spínola, levou à morte de portugueses e por um fio não fez estalar uma confrontação armada que muito bem poderia ter degenerado em guerra civil mas, por reacção, acabou por iniciar o período revolucionário em curso em que se inventou o socialismo à portuguesa a propósito do que se nacionalizou a economia, com isso destruindo o nosso tecido empresarial e, em contrapartida, criando uma cultura de funcionalismo público entre as massas trabalhadoras cujo resultado acabou por ser a austeridade imposta pelo FMI. Não tivéssemos entrado na então Comunidade Económica Europeia e, provavelmente, seríamos hoje tão miseráveis como os albaneses. Ainda assim, foi com todo esse arraial que os dirigentes políticos puderam lançar as bases da partidocracia que se veio a estabelecer no país e que tanto atrofia e bloqueia o nosso desenvolvimento. 

Bem, mas isto são contas de outro rosário que agora podemos deixar de parte. 


É que pouco passavam das sete, em Madrid, em hora de ponta, quando várias bombas rebentaram em vários comboios em três estações da capital, provocando inúmeros estragos materiais e a morte de mais de duas centenas de pessoas e acima do milhar de feridos, muitos em estado grave. 
Mais uma vez as imagens mostram o horror dos corpos espantados de sangue e perplexidade, com os materiais, em fundo, retorcidos em posições bizarras, tal não foi a potência de cada explosão. 

O governo espanhol atribuiu o morticínio à ETA. Mas ao certo ainda não se sabe e se um porta-voz do Harri Batasuna veio negar a responsabilidade dos independentistas bascos, a verdade é que aquela organização se mantem em silêncio. 
Não há dúvida alguma é que estamos perante mais um crime hediondo do terrorismo. 


Ora nada há que justifique um acto destes, não há qualquer argumento político ou ideológico que justifique o massacre de populações indefesas que foi o que aconteceu. Aliás, tenho para mim que sequer devemos reconhecer tal argumentário num caso como este. Esta é uma acção criminosa, como os seus autores vulgares assassinos. 


Há quem aponte o dedo para a constelação da Al-Qaeda, pois as características do crime, quer pela pujança organizativa que pressupõe e que supostamente falta à ETA, debilitada pelas prisões dos principais dirigentes e operacionais que a política de Aznar acabou por conseguir, quer ainda pelo estilo de grande aparato em que o mesmo se traduziu, lembram mais o modos operandi dos bandos de Bin Laden do que os nacionalistas bascos. 

Esperemos pois pelas investigações ou as eventuais reivindicações que venham a ser feitas. 

Seja lá como for, esta é a linguagem do terror; morte e destruição. É com isso que os terroristas impõem o medo que verga as populações aos seus ditames e tiranias pois nada mais pretendem que o poder absoluto. 


Passa pois a ser o dia onze de Março um dia de infâmia que a todos os amantes da paz e da liberdade, a todos os que gostam da democracia, não pode deixar sem, por um lado, um profundo pesar pelas vítimas e, por outro lado, a mais funda repulsa pela barbaridade perpetrada. 



E hoje, as minhas filhas lá foram ao teatro. 
Rica escola!
Mas eu não tenho dúvidas quanto à pertinência destas actividades nesta idade escolar. 
Trata-se de uma forma de permitir o acesso aos alunos mais pobres a espaços de cultura de que eles estão natural e potencialmente arredados. 

Mas parece-me que a peça foi demasiado experimental para o gosto da Margarida. 
“-Tem algum jeito, pedirem ao público para desmontar o cenário?” 

Contudo, a Matilde esteve atenta. Devo confessar que foi com certo orgulho que falei com ela sobre o enredo que narrou com toda a fluência e a segurança de quem tinha visto com olhos de ver. 


Como eu sou feliz por ver estes anjinhos crescerem. 



Esta noite rezamos por todos aqueles que perderam a vida neste dia de infâmia. 


Alhos Vedros 
 11/03/2004

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (290)



Caldeira do Moinho Pequeno, Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre tela 80x100cm

Tenho mostrado algumas das muitas telas que pintei em que os Moinhos de Alburrica são a figura central do quadro. Há outros moinhos, os de maré, que funcionavam com os ritmos da subida ou descida das águas.
O esqueleto da casa, que aparece na parte esquerda do quadro, é onde funcionava o moinho de maré. Da língua de terra, em frente, vêem-se as entradas de água que faziam girar o sistema.
Actualmente, nem o esqueleto da casa existe!
Sinais dos tempos!

Selecção de António Tapadinhas

sábado, 27 de janeiro de 2018

Hortelã-pimenta




por Miguel Boieiro

Em cada estação do ano a vetusta Sociedade Portuguesa de Naturalogia, considerada uma das mais antigas associações ambientais existentes no nosso País, organiza um almoço de convívio para os seus sócios e amigos. Na elaboração das ementas vegetarianas a SPN procura inovar e introduzir novidades gastronómicas para atrair os comensais e divulgar bons princípios da alimentação saudável. A bebida que acompanha as refeições é geralmente o suco de cenoura que os participantes sedentos, sobretudo no almoço de verão, esgotam num ápice. Para obviar aos inconvenientes, alguém teve a peregrina ideia de servir antes do sumo da cenoura, água aromatizada com folhas de hortelã-pimenta. A iniciativa foi excelente e resultou com agrado geral. Assim nasceu mais uma útil aplicação para esta versátil erva aromática.

A Menta x piperita é uma Lamiácea híbrida que resulta do cruzamento entre a Menta aquatica (hortelã-mourisca) e a Menta spicata (hortelã-vulgar). Todavia, para complicar, alguns botânicos referem que a hibridação é tripla, juntando-lhe também a Menta suaveolens, conhecida popularmente como mentrasto ou hortelã-de-burro. De resto, sublinhe-se que existem inúmeros cruzamentos entre as diferentes mentas, o que dificulta a sua rigorosa identificação. O sinal de multiplicação “X” foi a regra escolhida pelos cientistas da nomenclatura botânica para indicar que a planta é híbrida e que, consequentemente, a sua reprodução não se efetua por semente mas sim por via vegetativa (rebentos subterrâneos).

O que interessa verdadeiramente é que todas as subespécies de hortelã-pimenta, das cerca de três dezenas que se encontram caracterizadas, têm sensivelmente as mesmas propriedades aromáticas, medicinais, condimentares e ornamentais.

Trata-se de uma herbácea perene com raízes subterrâneas ramificadas. As folhas são opostas, peninérveas, lanceoladas ou ovadas, pecioladas e ligeiramente dentadas. Os caules, de cor arroxeada, apresentam-se canelados e podem atingir 60 cm de altura, culminando em flores violetas agrupadas em espiga. Os frutos (tetraquénios), com sementes estéreis, raramente aparecem.

A maior parte dos livros de fitoterapia mencionam a hortelã-pimenta. Veja-se, por exemplo, o que diz o antigo Manual de Medicina Doméstica do Dr. Samuel Maia que a designa de Mentha officinalis: “ dela se extrai o mentol, de largo uso e muito apreciado como antisséptico do nariz, faringe, laringe, etc.. Internamente usa-se como aperitivo. Aproveitam-se as sumidades floridas com as folhas próximas que se cortam de agosto a setembro e a seguir se secam em tabuleiros de asseio rigoroso”. Eis o infuso recomendado: “10 g de sumidades secas num litro de água fervente. Infusa meia hora. Serve para gargarejos, inalações, lavagens das fossas nasais, corisas, rinites, faringites, rouquidão, ozena, sinusites”.

Análises químicas revelam que a hortelã-pimenta possui taninos, flavonóides, algumas substâncias amargas e sobretudo muitos óleos essências em que se sobrepõe o mentol.

Como propriedades medicinais são apontadas as seguintes: digestiva, carminativa, colerética, antissética, afrodisíaca, tonificante, analgésica, excitante, colagoga, estomáquica, vasodilatadora, descongestionadora nasal, etc.

Com tantas propriedades não admira a sua recomendação para múltiplos transtornos: falta de apetite, aerofagias, diarreias, cãibras, cefaleias, catarros, infeções bocais, herpes, cólon irritável, refluxo gastro esofágico, gastrite, vómitos, doença de crohn, pé-de-atleta, …

Pessoalmente, prefiro utilizar as folhas e as sumidades da planta fresca porque tenho a possibilidades de as colher nos sítios e épocas certas. Para quem não dispõe dessa possibilidade aconselha-se especiais cuidados: colher as folhas que não tenham ferrugem e submetê-las a uma corrente de ar quente e seco que não exceda a temperatura de 25 graus, guardando-as, depois de secas, em frascos escuros ao abrigo do ar e da luz.

Há imensas preparações fitoterapêuticas. Citemos apenas algumas:
- Infuso da planta fresca (30 g num litro de água – bebida tónica e refrescante).
- Licor (macerar durante 2 semanas 30 g das folhas num litro de álcool a 60º, coar, dissolver 250 g de açúcar de preferência mascavado).
- Pedilúvio (banho de pés em infusão da planta – muito aconselhável para quem sofre de pé-de-atleta).
- “Chá” (deitar duas colherinhas da planta seca numa chávena de água a ferver e deixar macerar durante 10 minutos).
- Álcool mentolado (dissolver a essência em álcool para fricções – para aliviar nevralgias, dores musculares e reumáticas).
- Mastigação de folhas frescas para eliminar a halitose.
- Compressas a fim de aliviar as dores de cabeça e as cãibras.

Para terminar, refira-se ainda que a hortelã-pimenta é também utilizada no fabrico de detergentes, cosméticos e pastas dentífricas.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Um consumo reduzido de produtos de origem animal é necessário para salvar o mundo


por Margarida Castro


Um consumo reduzido de produtos de origem animal é necessário para salvar o mundo dos piores impactos das mudanças climáticas, diz relatório da ONU.
Uma mudança global para uma dieta vegana é vital para salvar o mundo da fome, da escassez de combustíveis e dos piores impactos das mudanças climáticas, afirmou hoje um relatório da ONU. Na medida em que a população mundial avança para o número previsível de 9,1 biliões de pessoas em 2050 e o apetite por carne e laticínios ocidental é insustentável, diz o relatório do painel internacional de gerenciamento de recursos sustentáveis do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP).
Diz o relatório: “Espera-se que os impactos da agricultura cresçam substancialmente devido ao crescimento da população e do consumo de produtos de origem animal. Ao contrário do que ocorre com os combustíveis fósseis, é difícil procurar por alternativas: as pessoas têm que comer. Uma redução substancial nos impactos somente seria possível com uma mudança substancial na alimentação, eliminando produtos de origem animal”.
O professor Edgar Hertwich, principal autor do relatório, disse: “Produtos de origem animal causam mais danos do que produzir minerais de construção como areia e cimento, plásticos e metais. A biomassa e plantações para alimentar animais causam tanto dano quanto queimar combustíveis fósseis”.
A recomendação segue o conselho de Lorde Nicholas Stern, ex-conselheiro do governo trabalhista inglês sobre a economia das mudanças climáticas. O Dr. Rajendra Pachauri, diretor do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), também fez um apelo para que as pessoas observem um dia sem carne por semana para reduzir emissões de carbono.
O painel de especialistas categorizou produtos, recursos e atividades econômicas e de transporte de acordo com seus impactos ambientais. A agricultura se equiparou com o consumo de combustível fóssil porque ambos crescem rapidamente com  o desenvolvimento econômico, eles disseram.
Ernst von Weizsaecker, um dos cientistas especializados em meio ambiente que coordenaram o painel, disse: “A crescente riqueza econômica está levando a um maior consumo de carne e laticínios – os rebanhos agora consomem boa parte das colheitas do mundo e, por inferência, uma grande quantidade de água doce, fertilizantes e pesticidas”.
Tanto a energia quanto a agricultura precisam ser “dissociadas” do crescimento económico, porque os impactos ambientais aumentam grosso modo 80% quando a renda dobra, afirma o relatório.
Achim Steiner, subsecretário geral da ONU e diretor executivo da UNEP,afirmou: “Separar o crescimento dos danos ambientais é o desafio número um de todos os governos de um mundo em que o número de pessoas cresce exponencialmente, aumentando a demanda consumista e persistindo o desafio de aliviar a miséria e a pobreza”.
O painel, que fez uso de diversos estudos incluindo o Millennium Ecosystem Assessment (avaliação do ecossistema no milénio), cita os seguintes itens de pressão ambiental como prioridade para os governos do mundo: mudanças climáticas, mudanças de habitats, uso com desperdício de nitrogénio e fósforo em fertilizantes, exploração excessiva dos oceanos e rios por meio da pesca, exploração de florestas e outros recursos, espécies invasoras, fontes  não seguras de água potável e falta de saneamento básico, exposição ao chumbo, poluição do ar urbano e contaminação por outros metais pesados.
A agricultura, particularmente a carne e os laticínios, é responsável pelo consumo de 70% de água fresca do planeta, 38% do uso da terra e 19% da emissão de gases de efeito estufa, diz o relatório, que foi liberado para coincidir com o dia Mundial do Meio Ambiente.
No ano passado, a Organização de Alimentos e Agricultura da ONU (FAO) disse que a produção de alimentos teria de aumentar em 70% para suprir as demandas em 2050. O painel afirmou que os avanços na agricultura serão ultrapassados pelo crescimento populacional.
O professor Hertwich, que é também diretor de um programa de ecologia industrial na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, disse que os países em desenvolvimento, onde se dará grande parte do crescimento populacional, não devem seguir os padrões de consumo ocidentais: “Os países em desenvolvimento não devem seguir nossos modelos. Mas cabe a nós desenvolver tecnologias em, digamos, energia renovável e métodos de irrigação.”
Desde o relatório da ONU de 2010, a organização já vinha observando os impactos gritantes do consumo de alimento de origem animal no meio-ambiente e saúde humana, mas recentemente, o relatório datado de maio 2016, agora sugere medidas ainda mais “extremas” para diminuir o consumo de derivados animais, tentando evitar assim um cataclisma ambiental sem precedentes.. 
De fato, a organização recomenda agora a criação de impostos específicos para produtores e vendedores de carne, aumentando assim o preço do produto e desincentivando os consumidores a comprar.
Fonte: JornalQ
(em, dialogos_lusofonos@yahoogrupos.com.br )


terça-feira, 23 de janeiro de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Que sorte têm estas miúdas que amanhã terão mais um dia alegre na escola. 
Com entrada às nove da manhã o que para a Matilde significa uma hora mais tarde e para a Margarida a folga no turno após o almoço; as aulas serão substituídas por uma ida ao teatro na biblioteca da Moita. 


E se ontem houve exercícios com a nova palavra, lá fizeram o ja, je, ji, jo, ju, hoje aprenderam o número dez. 



Eu é que tenho tido menos sorte e ando num vai e vem por causa das obras. 
Só por isso este diário tem gaguejado nestes últimos dias. 


Agora a família dorme no quarto dos pais, com os pardalitos a partilharem um dos seus colchões que fica directamente no chão, à direita da nossa cama. 

Para elas é uma festa. 


Mas é assim que vai ser nas próximas semanas, até que tudo esteja completo e devidamente arrumado. 



Morreu Abbu Habbas, o assassino que chefiou o sequestro do navio italiano Achille Lauro e matou um idoso indefeso simplesmente por ser judeu. 
Pois foi este apoio que o regime de Saddam Hussein deu a grupos terroristas palestinianos que o fizeram alvo nesta guerra contra o terrorismo da Al-Qaeda e afins que da causa palestiniana fazem um motivo retórico para a sua vontade de destruição e sede de poder, com o que podem impor a sua maneira de ver o mundo. 



E em Espanha o Partido Popular parece estar bem encaminhado para arrecadar a vitória e voltar a formar governo, desta vez sem o seu líder Aznar que se retirará da política activa. 
Curiosamente, o dirigente do Partido Autonomista Catalão que em França manteve negociações secretas com a ETA, tem visto crescer a onda de apoio à sua volta. Fala-se em três por cento dos votos. 
Zapatero não dá mostra da estaleca suficiente para levar os socialistas ao poder. 

E a verdade é que os nossos vizinhos têm melhorado a qualidade de vida nos últimos anos e o país tem-se afirmado, cada vez mais, entre o grupo dos pesos decisivos nos meandros da União Europeia. 
Assim sendo, venha o casamento do Príncipe herdeiro, em Maio que os espanhóis querem ver garantida a sucessão na sua casa real. 



A lezíria começa a ficar salpicada de cores. 
Com o rio ao fundo, o cair da tarde já tem tantas asas de andorinhas… 


Alhos Vedros 
 10/03/2004

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (289)



Sagração da Primavera, Autor António Tapadinhas
 Acrílico sobre Tela 60x100 cm



CEREJEIRAS

Foi com o raiar de um ensolarado dia
Em meu jardim
Que as primeiras flores das duas cerejeiras
Se abriram

Uma rosa de soslaio lançou seu olhar
Enamorou-se
Outras rosas ficaram com ciúmes

As pétalas das viletas enrubesceram
Outras flores
Puseram-se então a ganhar vida

Meu mundo
A partir daquele instante
Transformou-se
Fez-se Primavera em pleno Inverno

As flores ao despertarem
Deram à minha amada
Encanto e viço redobrado

Sonoramente Vivaldi
Invadiu todos os aposentos

Luz e Sons
Perfume e Vida
Esperanças redobradas

A Felicidade existe

Acredite


Poema de Jorge A. G. Lemos
Selecção de António Tapadinhas


sábado, 20 de janeiro de 2018

Editorial


"NEM EU..."

Luís Santos

Fazemos por aqui um pasquim de seu nome Estudo Geral, como se vê, que faz a terna idade de 8 anos, no dia vinte e três de Janeiro, uma aventura literária, artística, multimédia. Quanto ao oito, o melhor é deitá-lo para lhe dar a sua fiel expressão matemática de infinito. Sobre o pasquim não tem mais vontade de se afirmar como revista, embora não o descuremos em meios mais formais que ainda precisam desse tipo de títulos.

Este Estudo Geral mantém-se, assim, como uma espécie de ancoradouro espiritual, digital, lugar de (re)encontros, de forma a que ninguém se disperse muito, ou se esqueça de vez que existe uma ponte, um espírito santo, que nos ajudará a passar para a outra margem da vida, onde o triunfo do cântico dos cânticos nos assista.

Acordámos hoje de manhã, no meio dos cansaços dos alunos, a pensar se é coisa que valha a pena, o cansaço, com essa clara ideia de que parte de nós já vive nesse reino encantado do Paráclito. Uma luz no meio da escuridão. Assim seja.

Sobre a Ilha dos Amores e do Dinis, e dos nossos sonhos às cores, tudo transformado em imagens e palavras de mil e um autores. Somos gratos.

A Natureza, essa bola colorida, está nas nossas mãos. Dê voz ao silêncio, se faz favor.


sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

CONVITE



Meus queridos amigos e amigas, aproveitando o presente correio para desejar sobre vós a benévola coroação de uma cornucópia dourada neste ano a abrir, venho convidar-vos para a apresentação do meu próximo livro, no dia 20 de Janeiro, sábado, pelas 15.00, na sala Araújo Ferreira da Escola de Medicina Tradicional Chinesa, na rua D. Estefânia, nº 173, em Lisboa. 
O livro, António Telmo, Literatura e Iniciação, editado pela Zéfiro na colecção Tomé Natanael, será apresentado por António Carlos Carvalho.
Nesta sessão, cuja abertura será feita pela  professora Deolinda Fernandes, directora da Escola, que com o filósofo privou, será também lançado o VIII volume das Obras Completas de António Telmo (Rui Lopo e Renato Epifânio), ocorrerá uma conferência sobre António Telmo pela escritora, poeta e ensaísta Maria Estela Guedes, bem como leituras de ambos os livros pelas escritoras/poetas Ana Paula Costa, Maria Azenha e Luísa Sousa Martins.
Com um caloroso abraço, antecipo o dia e a alegria do novo encontro em torno do iluminado e iluminador pensador da razão poética.

«António Telmo é uma espécie de semente de felicidade, algo que germina e germinará, pelo conhecimento, pela ética, pelo arrojo, pelo testemunho, pela Presença, pelo brilho elevado até na sombra. Se tentar descrever o que sinto desde sempre quando penso nos livros dele, é muito parecido com o sentimento que em criança (e recordo-me muito bem) dedicava aos brinquedos mais sonhados, mais desejados, como objectos mágicos. Algo assim: se tud...]o falhar existem estes livros, existe este pensamento. 
​[​...]
Fica arrumado que o sol pertence ao mundo das coisas sensíveis. E não nos ocupamos mais disso.
Mas quando António Telmo afirma: «Seja qualquer ser sensível, o sol, por exemplo», já é outra coisa. O sol já não é distante, já não provoca queimaduras, já não morreu, já não é uma estrela inalcançável. É um menino perdido no céu, solitário de tanto brilho, incompreendido de tanta distância, é antes a personagem dos poetas, o filho das mães, o pai dos filhos, o nosso rosto no universo, a máscara da nossa sombra, o cintilar das nossas lágrimas em arco-íris, o nosso coração de pedra em formato de luz. Enternece. Se pudéssemos pegar-lhe ao colo, falar-lhe-íamos como ao nosso amigo animal, como ao nosso boneco de dormir, como ao nosso filho quando bebé, como à criança que nós próprios fomos. É um ser sensível, o sol. Como nós somos e andámos a esconder de nós mesmos. Obrigada, António Telmo, hoje talvez escondido atrás do sol a rir deste meu delírio. Muito se aprende com a Gramática Secreta…» (do livro)

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quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Comer ou não comer


por Luís Gonçalves Eu respondo por mim da seguinte forma, se for para comer mal eu prefiro não comer, se for para obter saúde máxima também prefiro comer tão pouco que quase roça o “não comer”. A saúde é de facto o que temos de mais importante em nossas vidas… certo? Vamos começar isto com um pensamento organizado e daí pergunto o seguinte, qual o combustível mais importante para o corpo humano? A resposta é, “Ar”. Sem comer o que quer que seja podemos sobreviver muitos dias e mesmo muitas semanas, quando decidimos deixar de beber podemos aguentar vários dias (várias semanas se devidamente preparado) mas quando decidimos deixar de respirar, então… restam-nos apenas alguns minutos de vida. Saber respirar e aprender vários exercícios de respiração é chave essencial para poder viver bem melhor… o corpo depois de voltar a respirar melhor e de estar rico em oxigénio e outros gazes que compõem o ar, fica como um carro de F1, ao passo que antes desta mudança seria equiparado a um corta-relvas… (é de facto uma diferença colossal). O corpo Humano necessita de facto de moderação e de respeito pela abstenção de comer totalmente ou parcialmente, ou seja jejuar. Jejuar é tema para vários livros e muitas centenas de milhares de palavras, por isso, encurtando a coisa para uma frase apenas, direi o seguinte, “apenas duas refeições por dia e um dia de jejum moderado por semana e a vida muda por completo”. Alimentos venenosos: todos aqueles que criados pelo homem, não têm lugar na natureza e foram forçados à existência, como por exemplo, a cenoura, a soja, a seitan, o tofu, a cassava, quase todos os feijões que conhecemos, vários tipos de batata, etc… e os demais empacotados e enlatados que foram aperfeiçoados em laboratório e depois passam para a prateleira do super-mercado, pacotes de cereais, chocolates, pastelaria, bolachas, batatas-fritas, etc… Animais na dieta do ser Humano: O corpo humano não necessita de ingerir tecido muscular, sangue e plasma em “segunda mão”, para além de sempre que quando comemos animais vêm à boleia uma série de parasitas que se vão alojar no corpo por toda a parte desde o cérebro até aos intestinos. Os animais para além de estarem completamente medicados com antibióticos, hormonas, anti-fungicidas, entre outros, estes podem estar doentes no momento que se dá a sua morte para poderem viajar até ao prato do degustador. Não é nem nunca foi uma boa opção. Frutas e o paraíso: Todos nós gostamos de coisas doces, pena que vamos logo para o mais barato, o mais publicitado em todos os media e estes são, os chocolates, as pepitas, vários tipos de sintéticos que nos invadem a casa através da televosão, revistas, internet e mais grave, quando eles entram pela porta de casa dentro dos sacos das compras… o que o corpo realmente quer é o doce que está nas frutas maduras o tal carbono orgânico como Arnold Ehret lhe chama a glicose como a ciência moderna lhe chama, este sim é o segundo alimento preferido das células e dos tecidos musculares ao invés da cultura da proteína que tanto nos é imposta. Plantas e ervas: Este é o meu tema de eleição e tenho tanto para dizer que vou apenas dizer muito pouco pois quero deixar lançar curiosidade acerca destes elementos mágicos… As plantas são a alta tecnologia do planeta e por isso são elas a principal fonte cura para todas as doenças, pois quando algo está mesmo mal temos de ir a correr buscá-las e seguir as suas leis para uma cura efectiva e agradável (nada agressiva como os fármacos sintéticos). Dente de leão, Astragalus, Labaças, trevo vermelho, Baga da palmeira Anã, Sarsaparilla, raiz de Bardana e tantas outras… Estes são elementos naturais completos e altamente eléctricos!

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

O LUAR


Olha que bonito luar vai esta noite pelo céu. 



E hoje os alunos continuaram os exercícios em torno da nova palavra janela. 



Liberto e sem condicionantes, Kumba Ialá regressou de imediato à política activa na Guiné-Bissau e já manifestou vontade de concorrer às próximas eleições. 
Deposto ainda não há meia dúzia de meses por um golpe de estado militar, pode agora voltar uma vez mais ao poder pela via eleitoral. 
Dessa forma fica tacitamente consagrado o direito das forças armadas interferirem nas opções do poder político. 



Pois para não ficarem atrás, os portugueses levam às primeiras páginas as picardias entre Mário Soares e Paulo Portas, com este a desafiar aquele para um debate sobre ideologias e na resposta a ouvir o mais sábio argumento das dragonas que lembra ao desafiante que o desafiado só discute com personalidades de grande gabarito. 

É caso para dizer que sim senhor, o que a sociedade portuguesa mais precisa neste momento é, justamente, uma boa querela ideológica. 
Já estou a imaginar a aula magna da reitoria da Universidade de Lisboa, repleta pelo escol intelectual e político de ouvidos abertos e narizes no ar, bebendo as palavras e pensando e a imprensa divulgando e comentando, não nos podemos esquecer dos comentadores que, para a abertura nada menos que uma sinfonia feita por encomenda especial para o evento. 
Portugal é a metáfora com que podemos significar a fantochada. 



Enquanto isto na Grécia, a Nova Direita ganhou as legislativas com o que regressará ao governo. 
É mais um episódio do vendaval que tem arredado os socialistas do poder, na Europa. 



E agora 
a Lua 
parece uma pérola 
no fundo 
da sua auréola roxa. 


Alhos Vedros 
 08/03/2004

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (288)



Dirty Champagne, Don Glen Vliet, 1995
Óleo sobre Tela, 97.79 x 118.11 cm 


Don Glen Vliet, também conhecido como Captain Beefheart foi um pintor e músico americano, que nasceu em Glendale, a 15 de Janeiro de 1941 e morreu a 17 de Dezembro de 2010.
Captain Beefheart foi um visionário, um génio da música, também escultor, pintor, poeta e filósofo.
"Percebendo o universo com olhos mágicos e alegres, ele expeliu pela janela as abordagens convencionais da linguagem e da música, colocando em seu lugar um espantoso sistema concebido por ele. Sua música de forma assustadoramente irregular, junta suas narrativas rurais do folk com vodoo, livre associação, Dada e um espectro de som que vai da música americana de Charles Ives, Jazz e blues ao som do deserto do Monjave onde vive. Beefheart é um homem sem limites de imaginação e espírito heróico e deve-se a isso os sete álbuns próprios que ele fez."
in Wikipedia

Selecção de António Tapadinhas

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Alimentos que regeneram o ADN :)


* Em tempo de frio é preciso aumentarmos as nossas defesas (Sistema Imunitário que é quem dá a "resposta" em qualquer doença).

* É aconselhável aumentar a dose de vit C (que não tem nenhuma contra-indicação e fortalece o Sistema Imunitário sendo um poderoso aliado na prevenção e combate de qualquer doença desde as constipações ao cancro) para 1 a 2 gr/dia (no mínimo). Escolha, de preferência, uma, de boa qualidade, vit C + Zinco para melhor absorção (evite as efervescentes). ~ Use e abuse da vit C!!! ~
nota importante: Evite igualmente comer citrinos em excesso, sobretudo laranjas,  pois corre o risco de enfraquecer o organismo (excesso de Yin) e não obter a quantidade mínima necessária de vit C (para obter 1 gr teria que espremer 10 kg de laranjas e beber logo de seguida :) )
// Dê preferência ao limão, à lima e à toranja. //

* Coma vegetais verdes a todas as refeições (ricos em vit C e cálcio, entre outros nutrientes).

* Este artigo resulta de um estudo feito em alguns alimentos para saber quais reparam o nosso ADN!!!  São eles:
Limão, dióspiro, morango, brócolo, aipo, e maçã. Todos eles conferem protecção ao ADN, mesmo em doses baixas.O limão, por exemplo, elimina os danos causados ao ADN em cerca de um terço. É por causa  da vitamina C? Não. Retirando a vitamina C do extracto de limão este não perde o efeito protector. No entanto,  se ferver o limão por 30 minutos, o efeito protector desaparece (e perdem-se todas as vitaminas que, como sabemos, são muito voláteis e desaparecem de imediato por acção do calor).


todo o artigo aqui:
https://www.care2.com/greenliving/which-fruits-and-vegetables-boost-dna-repair.html

Um ano com Boa Saúde! :)

~Paz&Luz~
Paula Soveral 

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Un total de 80 oliventinos ya cuentan con su documento de identidad portugués


Diálogos Lusófonos
dialogos_lusofonos@yahoogrupos.com.br

Laura Gonzalez: Ser natural de Olivenza, por parentesco, ascendencia o nacimiento, hoy es lujo y también algunos de los requisitos que deben cumplir los interessados en obtener la doble nacionalidad, la española y la portuguesa (...)

Mauro Moura: A RTP o ano passado fez uma reportagem muito interessante a respeito dos oliventinos buscando sua origem portuguesa, tanto nos documentos quanto no aprendizado da nossa língua.Seria mais interessante ainda se meu antepassado oliventino também fosse um sefaradita, iria causar uma confusão danada na Conservatória.

E Olivença está para Portugal como Colônia do Sacramento está para o Brasil. O território está perdido, porém a ligação histórica intrínseca mantém-se viva.

Margarida Castro: E eu julgo que é nesta interpretação da origem portuguesa, que uma amiga brasileira pode conseguir a nacionalidade portuguesa... Explico-me melhor. O avô dela era português e veio para o Brasil. Casou com uma  manauense em Manaus e  o filho mais velho deles nasceu em Manaus. Depois, em 1912 foram para Portugal, Vila Real, onde tiveram mais 4 filhos. Portanto tiveram 5 filhos. O único que regressou/veio para o Brasil em 1937, foi o mais velho, o pai de minha amiga.......... E ele estudou na Faculdade de medicina, do Porto, mas não terminou o curso. Os outros irmãos (tios da minha amiga) ficaram em Portugal , assim como os pais. O pai dela nunca requereu a nacionalidade portuguesa..E a minha amiga visitou os tios em Portugal mas a partir de 1974  perdeu o contato com eles. 
Com as informações que ela me foi passando, pouco precisas,fui escrevendo para a Direção Regional dos Arquivos de Vila Real, e agora eles encontraram a certidão de 
nascimento do avô, nascido em 1870..Vamos requerer! E acredito que vamos conseguir as 
certidões dos tios dela. Por outro lado, ela e o marido, sempre tiveram uma ligação de afetos
com Portugal, o que acredito pode ser comprovado. 
Ela está um pouco na dúvida, mas eu estou nesta : não desista!
Porque a ligação histórica intrínseca mantém-se viva!

Veja a foto que anexo, da família desta amiga , em Portugal, lá por 1935: avós , os tios 
e o pai  dela,  o mais velho, ao lado do pai.

É claro que ela pretende a nacionalidade portuguesa que permita aos filhos requerer 
a nacionalidade!

Será que consegue? Se os oliventinos conseguiram!


Mauro Moura: Como encontraram o registo do avô paterno dela em Vila Real, portanto a sua amiga terá de solicitar a nacionalidade por atribuição e, após a dela, a dos filhos.
 A nacionalidade é passada até os netos, portanto os filhos da sua amiga só terá direito depois que ela conseguir a nacionalidade portuguesa.

Fiz a brincadeira porque seria engraçado, meu antepassado quando viveu foi em Olivença e hoje é a espanhola Olivenza, daí teria de fazer dupla comprovação, creio eu.

Margarida Castro: Ela só consegue a Nacionalidade que pode passar para os filhos , se conseguir seguir o  princípio que foi reconhecido para os Oliventinos e Sefarditas. Conseguir provar os afetos , ultrapassando o "pormenor" de que o pai nunca solicitou a cidadania portuguesa...

Mauro Moura: É porque entendi que o avô dela teria sido registado em Vila Real, daí a ligação direta a Portugal.
Mas com os registos dos tios em Portugal e comprovando a relação de afeto, creio que com boa afirmação e documentação conseguirá a nacionalidade portuguesa.

Margarida Castro: O avô dela era português e casou com uma cabocla de Manaus. Depois de terem o 1º filho, o pai da minha amiga, eles foram para Portugal, em 1912.Ainda voltaram para o Brasil em 1917, mas por ano e regressaram a Vila Real, onde tinham duas Quintas. Tiveram mais 4 filhos, em Portugal.E o pai dela voltou para o Brasil, em 1937, onde ficou para sempre. Eu o conheci! 
Mas a lei da Nacionalidade permite aos netos requererem a nacionalidade portuguesa, mas o pai teria que ter requerido a nacionalidade portuguesa! 
A opção seria conseguir a naturalização, mas sem a possibilidade de passar para os filhos, esta situação. 
Mas a lei pode ser "interpretada" e eu perguntei a um advogado!Ele disse que sim, explicando os tais afetos com Portugal, os tios portugueses com os quais ela manteve contato, e que ela visitou várias vezes Portugal.......
Julgo que a lei para os sefarditas  e a que permite a nacionalidade portuguesa para os oliventinos, tem o mesmo fundamento: a nacionalidade de familiares, a relação com a comunidade portuguesa!

É a "construir a argumentação" para  solicitar a nacionalidade , que julgo posso ajudar. De contrário ela desiste desta tentativa, porque a naturalização não faz sentido para ela!

Mauro Moura: Bem, Margarida, houve uma alteração recentemente na lei de nacionalidade portuguesa e ela cabe aos netos.
Sendo a sua amiga neta de um português, se eu não estiver enganado, resolve-se a questão.
Mas tudo também sempre depende da boa interpretação da dita lei.

Margarida Castro: Mas não se resolve sem a tal argumentação! Porque o pai se distraiu e morreu!

Mauro Moura: Creio que sim, ela demonstrando que ainda tem alguns tios e vários primos facilita essa argumentação.
Creio que o pai não tenha vacilado, simplesmente não sentiu tal necessidade, haja visto que uns tempos o Brasil 
fica essa bagunça que está e em outros Portugal se apresenta confuso.

Margarida Castro: Foi isso que aconteceu, porque ele sempre sentiu a proximidade com Portugal , onde frequentou até o curso de medicina e residiu, mais de 25 anos!  E  era sempre muito amável, conosco! Só que agora de tanto conversar com a filha , é que eu percebi, os antecedentes!

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Fim-de-semana cansativo que assim o obrigou a necessidade de vazar o quarto da pardalada. 

Céus, tanta tralha que aquelas alminhas têm! 


E nós temos a casa bem organizada e bem arrumada, caso contrário, a confusão seria muito maior, mas o guarda-roupa levou uma tarde para a transferência ordenada que possibilitará um uso que seja o mais próximo da normalidade. 
Contudo, já percebi que vamos ter o lar em bolandas nos próximos tempos. 

Esperemos que isso não perturbe a tranquilidade familiar em demasia. 


Salvou-se o fim da tarde deste Domingo, com um encantador passeio de bicicleta, uma vez que o pai se presenteara com o seu próprio velocípede na manhã do dia anterior e assim, pela primeira vez, toda a família deu ao pedal pelos campos da lezíria que já muito se alegra de tão florida que está. 



E a Matilde já lê. 
Agora parece estar a achar graça à descoberta da capacidade de ler. 

“-Não sei ler esta letra.” 
“-Lê-se guê.” 
“-Agosto.” 

Palmas para a Matilde! 



Pois na sexta-feira, entre a hora da patinagem e a aula de música, os alunos aprenderam uma nova palavra, janela, sobre a qual realizaram a ficha de trabalho de casa. 



Em Espanha, o Partido Popular voltará a ganhar as eleições para as cortes. 
Resta saber se conseguirá a maioria absoluta. 


Enquanto isso, opositores e simpatizantes do anterior Presidente, o Senhor Aristide, balearam-se e esfaquearam-se em confrontos que se saldaram por muitas mortes e feridos pelas ruas de Port-Aux-Prince. 



Agora vou ver a “Missão a Marte” que passou esta tarde na SIC. 
É um bom entretém para que o corpo físico repouse no sofá, à espera de mais uma semana de trabalho. 


Alhos Vedros 
 07/03/2004

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (287)



Ode Triunfal de Fernando Pessoa / Álvaro de Campos
Desenho de Pedro Sousa Pereira  

Selecção de António Tapadinhas

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

A ARTE PERVERSA DE ADULTERAR CRIANÇAS


Histon 2 JAN 2018

por Abdul Cadre

Retorcendo a etimologia, não com estas palavras, mas com este sentido, dizia a brincar Agostinho da Silva que um adulto se obtém pela adulteração de uma criança. Embora sem suporte etimológico, isto é bem verdade. A forma como educamos as crianças é de uma grande perversidade: cria-se um modelo de conveniência e comodidade para os adultos, obriga-se a criança a aderir a esse modelo, diz-se-lhe que é o caminho, a verdade e a vida, que o modelo não só é a verdade como é o Bem. A todo o momento se julga a criança, não pelo que ela é, mas pelo que se espera que seja, assim a alienando da sua natureza profunda para que corresponda ao artifício do modelo.

É evidente que isto que digo respeita apenas aos sectores não segregados da sociedade, mormente à chamada, mas mal definida, classe média, porque se falássemos das crianças dos bairros degradados, não era de perversão, mas de crime colectivo inqualificável que falávamos. Crime de que todos somos culpados, em graus diversos, certamente, mais pela apatia do que pela acção, sendo dispensáveis as desculpas tolas e repudiáveis, as atitudes  dos hipócritas que se permitem atribuir aos miseráveis a culpa da própria miséria. Falaremos disto em outra ocasião.
Prossigamos: quando falo criticamente de adesão a modelos, não pensem que habito numa nuvem, sei bem que o facto de vivermos em sociedade implica a criação de modelos, tendo em vista a convivência pacífica e progressiva dos indivíduos. O que digo, o que pretendo deixar claro é que não somos qualquer modelo e que todos os modelos que se criem se devem submeter ao princípio do falseável, isto é, são de serventia, e devem ser invariavelmente mutáveis e provisórios. Devem ser criticados a cada momento e substituídos por obsolescência. É falsa a crença na segurança pela permanência.

A generalidade das patologias de angústia que infectam a sociedade tem a sua génese na forma como são educadas as crianças: pede-se-lhes que acreditem no exterior, que é o bem, do mesmo modo que é o bem o que é cómodo para os adultos, que armazenam os filhos em creches e em centros concentracionários de castração mental, a que chamam escolas, para poderem ir trabalhar em actividades alienantes, onde se atropelam e rasteiram uns aos outros. Chamam a isto competitividade.

Como adulteramos as nossas crianças? No dia a dia, pela catequisação do modelo e, sendo o modelo mercantilista, pela chantagem, pela compra e pela venda. Portas-te de acordo com o modelo e és um menino bonito, que de contrário és feio e já não levas a playstation. Depois, vem a traição: se bem dispostos os pais, há simulacros de afecto; se mal dispostos, a playstation não vem, mesmo que o menino tenha fingido ser bonzinho. 

Mas tudo poderá vir em fartura se o menino ganha novo pai, porque dois ou três pais é o que está a dar. O pior, as mais das vezes, está no desvio de atenções e afectos quando da mãe há namorado novo e as birras do menino se tornam insuportáveis.

Meninos que não encontram segurança no modelo (ou nos modelos), onde o modo de ser é a perturbação e a angústia de identidade. A angústia do abandono e da solidão.

Aquilo que deveria constituir a base do ser – o ententendimento, a energia e a afectividade – desmorona-se. Não há entendimento possível quando tudo é o contrário de tudo. Nenhuma energia mental ou física pode colmatar a insegurança catastrófica que gera a impotência, perante um exterior tornado um inimigo implacável. Não há afectividade nos seres que perderam o seu centro natural – o seu verdadeiro ser – em troca de um centro artificial que é uma mentira: o modelo traído.

ABDUL CADRE

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018


“Angelicamente Entre Reinícios E Começos Oiço Absorto E Distraído Os Sons Do Céu…”

Recomeço tudo de novo com novos e velhos começos
Arrisco ultrapassar o risco alucinogénio sem noção disso
Renovo o fundamental princípio filosófico do usual conceito dos inícios

Penso coleccionar paraísos sem fim cheios de raridades
Revolvo completamente o solo ao advir em busca do mistério
Incido persistentemente em pontos finais que nunca hão-de acabar

Entro por engano num império misto de formigas e térmitas
Perco-me no assunto e na falta gravíssima de planificada entropia
Vivo mecanicamente em erro e peco por defeito e por evidente contrafacção

Enfio-me pelos chamados canais espaciais relativos de minhoca
Meto os dedos nos tuneis esburacados por uma civilização desconhecida
Cavo trincheiras ao nível da própria epiderme nuclear e do substrato capilar

Negligencio sinais feitos de uma sinalética que ninguém reconhece
Farto-me de louvar louva-deus humanos e/ou aqueles do tipo insectífero
Monto à toa puzzles labirínticos arquitectados por tenebrosos pensamentos

Alegadamente mordo sem compaixão a língua vez por outra
Regulo a temperatura febris ideias perdidas usando um botão tosco
Tento não sufocar com o excesso de idiotice e desnecessária fuligem aérea

Limpo com lixivia da face lisa o crescente ambiente de ferrugem
Tapo os sentidos no sentido contrário e nos fóruns da vida emotiva
Deixo de ser palhaço do circo cerebral no seio da sucata e do ferro-velho…

Viro-me para o som da música de um dos grandes clássicos angélicos tocado a violino…

Escrito a 1 de Janeiro de 2018, em Luanda, Angola, por Manuel (D’Angola) de Sousa, por ocasião do primeiro Dia do Ano Novo e com Votos de Bons Augúrios para todos os Amigos/as e Relacionados/as, em Angola, nos Países Lusófonos e pelo resto do Mundo…, em prol dos Direitos Humanos, da Democracia, da Livre Economia de Mercado, Ensino Moderno, Protecção Ambiental da Natureza e dos Animais, Desenvolvimento Tecnológico e Emprego para todos…

Viva a Humanidade e a Reconciliação, a Compreensão e a Paz Mundiais…