terça-feira, 25 de julho de 2017

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Ontem tive que me deslocar a Évora para um jantar em que recebi um prémio pelo primeiro lugar regional em produção, na Allianz, para o ano transacto. 
Conversas de seguradores, como é óbvio, mas a companhia do Nuno Gomes, o gerente da delegação do Seixal é sempre uma garantia de temas mais interessantes e só isso temperou o peso do incómodo e tirou ao serão o condão do pleno desperdício. Mas é assim, são obrigações profissionais e a ausência não seria educada quando se trata do reconhecimento. 

E eu lá fui à capital do Alto Alentejo, com chuva, muita chuva e nevoeiro, repetindo trajectos, recapitulando memórias. 



E os alunos continuaram a treinar o til que a Matilde identifica pelo nome e a fazer exercícios com palavras derivadas daquelas que já deram a partir da junção das sílabas componentes. 

A Matoldas já escreve. 
A afirmação sustenta-se no facto de o pardalito escrever as palavras dadas sem recurso a qualquer auxiliar, assim como a partir das sílabas conhecidas conseguir, sem erros, registar outras palavras estranhas ou não ao conteúdo das lições. 

É um encanto da alma vê-la concentrada nas brincadeiras ou nos trabalhos de casa, evoluindo na destreza e na complexidade da linguagem escrita. 

E já lê algumas delas, com um sorrisozinho que denota a satisfação interior por fazer bem. 


Eu agradeço a Deus tamanhas venturas. 



Mais um bombista suicida que se fez explodir num autocarro, em Jerusalém; onze mortos. As Brigadas de Al-Aqsa reivindicaram o crime e a Autoridade Palestiniana condenou-o. 
É bom não esquecer a proximidade daquela facção com o próprio senhor Arafat. 
Enquanto os responsáveis por estes actos não forem presos e levados a tribunal, não há confiança possível nas boas intenções de um futuro estado palestiniano e é aí que residem os principais obstáculos à paz. 



Nestes últimos dias tem havido actos de guerra entre o Sudão e o Chade; a aviação daquele país tem bombardeado território fronteiriço do segundo. 
Há morte e destruição e os cortejos dos refugiados também. 



E as sextas-feiras parecem ter ganho a especialidade de dia tranquilo da semana. Na vizinhança da folga até vem a calhar e a verdade é que a Matilde cumpre os deveres a preceito pelo que a leveza é merecida e bem aceite. 
Os alunos escreveram, como todos os dias, a data e o nome e depois seguiu-se a aula de religião e moral que antecedeu a deslocação à Moita para a patinagem. Após o regresso, tiveram a já habitual aula de música. 
O pardalito já consegue patinar. 



Noite parda, sob o efeito de estufa a temperatura amenizou e o ar tem um certo sabor a maresia. 



Num destes serões comecei e reli de uma assentada o “Ben-Hur”, de Lewis Wallace que a Margarida comprou numa venda de livros que houve na escola. Continua a ler-se com a mesma fluência com que o fiz no início da adolescência. 


 Alhos Vedros 
  30/01/2004 


CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA 

Wallace, Lewis, BEN-HUR, tradução revista por F. Romão, Amigos do Livro, Lisboa

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