quinta-feira, 23 de abril de 2015

O QUE ARTE CURA


Queridos amigos e amigas, no âmbito do trabalho que já há muito tempo venho desenvolvendo, envio-vos esta proposta que ocorrerá no sábado dia 9 de Maio, em Lisboa, para o caso de sentirem vontade de partilhar com algumas das vossas amizades ou contactos esta celebração poética em redor do corpo, chão e pés. Na literatura, no símbolo, na vida. A escrita e a literatura enquanto acto de criação, inspiração, consciência e cura.

Com um abraço



Ao menos por um dia, ajoelhemo-nos aos pés dos nossos pés. Enquanto pessoas, enquanto povo.
Como arquétipos, os pés humanos estão feridos pela queda. Pela ferida perdem energia.
Os pés são o lugar da ferida e da redenção. Porque é sempre na nossa ferida que se encontra a nossa cura.
Vamos andar em torno dos pés. Na Fundação S. João de Deus. Em Lisboa, na Av. Júlio Dinis.
É na infância que podemos recuperar ou mesmo resgatar os nossos pés. Que é o mesmo que dizer: a ligação à Mãe, à Terra, à Origem ao Todo. O ser íntegro.
Os poetas são um precioso veículo para fazer essa viagem porque ainda são, de todos, os que mais próximos se mantêm do universo da criança.
"- Agora estou a crescer como se fosse o maior dos telescópios! Adeus, pés! - (pois quando olhou para os pés mal os viu, de tão longe que estavam).
- Oh, meus pobres pezinhos! Quem irá agora calçar-vos as meias e os sapatos, meus queridos? Tenho a certeza que não serei eu! Estarei demasiado longe para me preocupar convosco. Têm de arranjar-se de qualquer maneira.
«Mas tenho de ser amável para com eles», pensou Alice, «senão não andam como eu quiser! Ora bem, ofereço-lhes um par de botas novas para o Natal.»
E continuou a fazer planos. «Têm de ir pelo correio», pensava, «e como vai ser divertido mandar presentes aos próprios pés! Como os endereços parecerão esquisitos!»
Excelentíssimo Senhor Pé Direito de Alice
Tapete da lareira
Junto do Guarda-Fogo
(com um beijinho da Alice)
[...]

in: Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll

R

Sem comentários: